Donas
de um Asé tão poderoso quanto o de qualquer Òrísà, as Ìyámìn tiveram seu culto
difundido por sociedade secretas de mulheres, são as grandes homenageadas do
famoso festival Gueledè, na Nigéria, realizado entre os meses de março e
maio, que antecedem as chuvas no país, remetendo imediatamente para um culto
relacionado à fertilidade.
Poder
procriador tornou-se conhecidas como às senhoras dos pássaros da noite e sua
fama de grandes feiticeiras as associou à escuridão da noite. Por isso também
são chamadas de Eleiyés e as corujas são seus maiores símbolos.
A
sua relação mais evidente é com o poder genital feminino, que é o aspecto que
mais aproxima a mulher da natureza, ou seja, dos acontecimentos que fogem à
explicação e ao controle humano. Toda mulher é poderosa porque guarda um pouco
da essência das Ìyámìn a capacidade de gerar filhos, expressa nos órgãos
genitais femininos. Suas cantigas que são entoadas durante o festival Gueledè
fazem alusão a esse terrível poder que não pertence apenas às Ìyámìn, mas sim a
qualquer mulher.
As
mães são compreendidas como a origem da humanidade e seu grande poder reside na
decisão que tomar sobre a vida de seus filhos. É a mãe que decide se o filho deve
ou não nascer e quando ele nascer, ainda decide se ele deve ou não viver. A
mulher, especialmente nas sociedades antigas tinham inúmeros recursos para
interromper uma gravidez. Até os primeiros anos de vida, uma criança depende
totalmente de sua mãe, se faltar seus cuidados a criança não vinga. Em síntese,
todo ser humano deve a vida a uma mulher, se todas as mulheres juntas
decidissem não mais engravidar, a humanidade estaria totalmente fadada a
desaparecer. Esse é o poder de Ìyámìn: Mostrar que todas as mulheres juntas
decidem sobre o destino dos homens.
Ìyámìn
é a sacralização da figura materna, por isso seu culto é envolvido por tantos
tabus. Seu grande poder se deve ao fato de guardar o segredo da criação. Tudo
que é redondo remete ao ventre e por consequência a Ìyámìn, por este motivo
mulher não pode abrir uma cabaça, já que a cabaça no culto a Ìyámìn representa
o ventre, Ìyámìn entenderia como se a mulher estivesse abrindo o ventre e
tirando tudo que tem dentro. O Poder das grandes mães é expresso entre os
Òrísàs do sexo feminino, em especial o poder de Ìyámìn está coligado direto ao
culto de Òsún.
Toda
mulher tem dentro de si uma Ìyámìn, toda mulher é feiticeira e vingativa. A
mulher é regida por Ìyámìn no momento em que descobre uma traição do marido e
faz um sortilégio para que seu marido volte para casa. Ìyámìn é aquela que
protege a mulher que sai de manhã cedo para o trabalho, mostrando que não
depende do homem para seu sustento, Ìyámìn é aquela que castiga a mulher que
sofre apanhando do marido e não vai à delegacia denunciá-lo. Nos rituais feitos para Ìyámìn é
aconselhável que não tenham homens, com exceção dos Ogans que irão tocar o orò,
caso tenham homens todos devem ficar de joelhos, mostrando que entendem que a
força feminina é capaz de dominar o mundo.
Por: Huntó Douglas D' Odé