Apejá Omi Onjé Dìdún

O Candomblé para mim deixou de ser apenas uma religião para se tornar um estilo de vida.

"Huntó Douglas D' Odé"

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Série "Agotime, a saga de uma rainha" - Parte IV - A Casa das Minas


Passou todo aquele período conturbado na saga de Agotime, sua missão estava praticamente cumprida, pois a Casa das Minas estava fundada. Agotime enterrou em terras brasileiras os segredos das raízes africanas e através de orientações de seu Vodun consegue se libertar da escravidão, e assim senta no trono da Casa das Minas em São Luís, onde aquela sofrida e traída escrava que veio dentro dos imundos porões de navios negreiros volta a ser a Rainha que nunca devia ter deixado de ser, mas agora não se chama mais Agotime e sim, Maria Mineira Naê. Maria - da região da costa da mina, na África, herdou Mineira e de seu vodum Naê

A Casa das Minas (Kwlegbetan Zomadonu ou Kwerebetan de Zomadonu) é um terreiro quase que bicentenário e que mantém firme as tradições religiosas africanas de culto aos Voduns, em especial àqueles que fazem parte dos cultos da Família Real. Os voduns da Casa são agrupados em família, destacando-se a família de Davice (Família Real) que engloba os voduns antigos reis e nobres, dignatários do antigo Dahomey. A ancestral mítica desta família é Nochê Naé (Sinhá Velha), a quem todos na Casa das Minas obedecem e prestam respeito, sendo que não se deve falar muito dela. Esta família segue duas ramificações: a primeira é de Zomadonu – vodun dono da Casa e vodun da fundadora e das três primeiras mães da Casa; e a segunda é a de Dadaxó (Dadarrô – pai do Dahomé). Outra importante família é a de Dambirá, dos Voduns da terra e das doenças, como Akosi, Azile e Azonce,e  seguindo as famílias hóspedes da casa Heviossô (dos voduns do trovão e dos astros, que são considerados nagôs dentre os jejes da casa, mesmo não sendo òrísà, e que são mudos, a exemplo de Badé, Sogbo (que na Casa das Minas é um vodun feminino, sincretizada com Sta Bárbara e Oyá), Averekete, Lissá, Agbé), e as famílias de Savalunu (voduns de Savalu) e Alladanu (voduns de Alladá).

Legba não é cultuado na Casa das Minas e é tido como trapaceiro, um ser maligno. Duas explicações teria este motivo: o sincretismo extremo que caracteriza o Tambor de Mina, e o fato de Adandozan se dizer “um protegido de Legba” e que depois de todas suas atrocidades e maldades deixaram o povo Abomenu entristecidos e inclusive Nã Agotimé.

A Casa das Minas é exclusivamente de cultura Djeje, sendo seus cânticos em língua fongbé-ewegbe, e suas divindades são exclusivamente Voduns, não havendo nenhum òrísà em seu culto (embora se devotem a Yemanjá, por exemplo, mas não há culto interno para estas divindades). A casa não gerou nenhuma filial, mas sua estruturação serviu de base para organização das outras Casas de Tambor de Mina.

Por: Huntó Douglas D' Odé

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